As Fraternidades

Nos Planos Espirituais, as entidades se agrupam por afinidades morais e vibratórias, isto é, segundo condições evolutivas significando, para umas, escravização e temores e, para outras, as mais evoluídas, ordem, disciplina, responsabilidades, unidade de sentimentos e participação.

Em sentido geral, na Terra, em esferas inferiores, o que caracteriza as agremiações é a arbitrariedade dos chefes, o intelecto, os pendores psíquicos, em escala sempre degradante, isto é, quanto mais poder e mais prestígio individual tanto mais violência, mais astúcia, mais impiedade; ao contrário do que ocorre nas esferas mais elevadas, onde a predominância é dos valores positivos da paz, da bondade, do respeito mútuo, da pureza, do idealismo, do amor, enfim, que fazem ascender para Deus, o Criador Supremo.

No etéreo terrestre, zona mais vizinha dos encarnados, unem-se entidades retardadas, interessadas em intercâmbio variado: cármico, passionais, religiosos, promovendo interferências constantes na vida dos encarnados, para satisfação de interesses até mesmo políticos, de programas escusos, visando dominações maiores ou menores, segundo convenha. Em nosso país, ultimamente, as interferências têm visado a implantação de ideologias alienígenas.

No umbral inferior, agremiam-se organizações trevosas, formadas por Espíritos maléficos e ignorantes com atividades muitas vezes tenebrosas, individuais ou coletivas. Partem da subcrosta e da crosta terrestre e insinuam-se em todas as camadas sociais, sob a direção de chefes impiedosos e temidos; muito diferente das organizações voltadas ao Bem, que agem nas esferas mais elevadas e são coesas, disciplinadas, moralizadas e idealistas, dirigidas por Espíritos altamente responsáveis, que se aproximam da Terra para desempenho de atividades benéficas de auxílio, proteção, orientação pessoal e coletiva.

Nas aberturas mais amplas e benéficas que foram dadas ao movimento espírita a partir de 1940 na Federação Espírita do Estado de São Paulo, grande espaço foi atribuído às escolas e cursos os mais variados, ao mesmo tempo em que os trabalhos práticos foram revistos, atualizados, desdobrados e popularizados o mais possível, para se recuperar o largo tempo perdido em inoperâncias administrativas e estagnações doutrinárias, ao mesmo tempo em que se procurava e se efetivava a unidade de práticas.

Nesse período, algumas Fraternidades Espirituais prestaram valiosa cooperação e seu número, com o passar do tempo, foi aumentando de forma que em 1967, quando essa fase de organização, unificação e atualização se encerrou, eram elas mais de duas dezenas, todas devidamente apresentadas, identificadas e registradas para efeito de ordem e autenticidade funcional.

O início das aproximações se deu nos primeiros meses de 1940, quando o Plano Espiritual Superior atribuiu a um pequeno grupo de entidades a tarefa de auxiliar a Casa (Federação Espírita do Estado de São Paulo – FEESP) na implantação de um programa doutrinário mais avançado, entidades essas que vieram formar a Fraternidade do Santo Sepulcro, em memoria aos esforços de libertação da Palestina do jugo muçulmano, movimento esse que na história do mundo recebeu o nome de “Cruzadas”.

Em 1942 formou-se um grupo de médiuns sob a designação de “Grupo Razin”, em homenagem a seu patrono espiritual que dirigia a Fraternidade Espiritual sob o mesmo nome e cujo símbolo era um trevo de três folhas; e em 1950, logo após a criação da Escola de Aprendizes do Evangelho, criou-se a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que adotou o mesmo símbolo e, à medida que a Casa crescia e se expandia, foram se agremiando em torno todas as que se apresentamva oferecendo colaboração.

A orientação evangélica da Casa, a criação dessa Escola de Aprendizes e da Escola de Médiuns, e a ampla abertura dos atendimentos a necessitados, foram alicerces seguros da consolidação da Casa, seu engrandecimento e sua projeção considerável no conceito público do Estado e do País e justamente os motivos da aproximação e da colaboração ampla e espontânea dessas Fraternidades do Espaço.

Dentre estas podemos citar: a dos Cruzados, dos Essênios, da Rosa Mística do Calvário, da Corrente Hindu, do Triângulo e da Cruz, dos Irmãos Humildes (que englobava os médicos e enfermeiros); dos Irmãos da China, do Egito, do Tibete, do México, dos Filhos do Deserto, dos Irmãos da Esperança e várias outras, além do Trevo já citada (na sua contraparte encarnada), cada qual com sua própria especialização de trabalho, o que foi de grande proveito para os atendimentos aos necessitados, o encaminhamento escolar e outras atividades próprias de uma Casa de grande movimento como a Federação.

Ao critério de alguns confrades pode parecer estranha e demagógica uma organização destas, uma inovação não aceitável, face aos cânones oficiais, se pode assim dizer, da movimentação doutrinária; mas este não é o pensamento de milhares de trabalhadores e freqüentadores que se beneficiaram dela, nem o é do próprio Plano Superior, sob cuja orientação espiritual, benévola e ativa, a Casa criou-se, organizou-se, expandiu-se e se fez um inegável expoente do Espiritismo no Brasil.

A atividade espiritual, desembaraçada de peias e preconceitos, toma muitas vezes aspectos diferentes daqueles que estamos acostumados a ver, mas parafraseando notável Instrutor desencarnado, “o pensamento de Deus não é o pensamento dos homens, nem os mesmos são os seus caminhos”.

Edgard Armond

Vivência do Espiritismo Religioso – Editora Aliança

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